sábado, 6 de fevereiro de 2010

Mente Humana

Foto: Cláudia Nóbrega

Parece consensual que todos nós, enquanto seres humanos que somos, possuímos uma mente. Não pretendo alongar-me na sua constituição fisiológica pois já é possível encontrar essa informação em muitos livros, predominantemente da área da Neuropsicologia.

O que interessa saber neste âmbito é que a nossa mente apresenta dois elementos (chamemos-lhe assim): o Eu e o Ego.

O Ego é constituído por uma série de crenças que bloqueiam as pessoas de tal modo que estas acabam por fazer determinadas coisas que lhes trazem uma sensação de satisfação rápida, dando depois lugar à insatisfação, medo, indecisão e à sensação de vazio.

Por isso é que existe o Eu, aquele elemento da nossa mente que não tem quaisquer bloqueios, que sabe o que quer e não age de acordo com aquilo que fica melhor aos olhos dos outros, como é o caso das acções tomadas tendo como referência ou influência o ego.

Assim, o ideal é mesmo ter consciência de que estes dois elementos fazem parte de nós, mas o Eu conduz-nos à felicidade, enquanto que o ego é mau conselheiro.

Suponhamos a seguinte situação:


Eu quero comprar um carro.


O Ego diz com entusiasmo e com uma sabedoria (quase) inabalável:

- Compra aquele carro super caro, que todos vão ficar boquiabertos quando o virem passar. Se o comprares vão elogiar-te e não surgir novos amigos. Se o comprares é sinónimo de que tens dinheiro e és uma pessoa interessante, ou seja, vais obter validação.

O Eu perante este discurso do ego argumenta timidamente:


- Tu não precisas de um carro tão caro, apenas precisas de um relativamente económico com as funcionalidades básicas. Tudo o resto não contribui para a tua satisfação ou felicidade.

Estas duas “vozes” originam um sentimento chamado confusão e o sujeito pode ter uma de duas atitudes: compra o carro mais caro que tem mil e uma funcionalidades, em que mil delas nem são necessárias, mas vai obter validação ou compra o carro que mais se adequa à finalidade que o mesmo vai ter.

Este exemplo foi com um carro, mas é aplicável a muitas situações da nossa vida. Infelizmente muitos ficam rendidos aos argumentos do ego: são tentadores, não são? E depois da excitação inicial a vida continua tal e qual como era. Não estou a dizer que se tivesses seguido a voz do ego ias ser tremendamente feliz. Apenas estou a dizer que se ouvisses a sugestão do Eu e a seguisses era sinal que tinhas noção do teu valor (auto-estima) e não precisavas de impressionar fosse quem fosse.

A questão que se coloca é: tens noção do teu valor?

Se tens, sabes, tal como eu, que podes aceitar aquilo que ego diz mas não tens de segui-lo, só tens de seguir aquilo que é melhor para ti e o que é melhor para ti na maioria das vezes não vai ao encontro das velhas ideias de felicidade que veiculam na nossa sociedade consumista e pessimista.

Quando recebes elogios de alguém isso muda a tua vida?

Sentes-te eternamente feliz com isso?

Pois não! É evidente que não, porque tens de perceber que não precisas de nada disso para seres feliz e que o ego é como uma miragem no meio do deserto em que enquanto a vês gostas do espectáculo, mas depressa ela desaparece e tudo fica na mesma...

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